Hailee Smith {formulário}

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Histórias de princesas sempre começam com "Era uma vez...", então talvez eu devesse começar a minha deste modo. Porque eu serei a princesa. Estou me dando esta, e apenas esta alternativa. Não quero a coroa, nem Illéa; só quero Kevan... que é o cara mais lindo, inteligente, carismático e apaixonante que já vi. Não lembro com exatidão quando comecei a amá-lo, mas já faz um bom tempo. Muitos dizem que amores platônicos nunca dão certo, porque uma das partes jamais será correspondida, e cheguei a pensar mesmo que nunca teria a oportunidade de ver Kevan pessoalmente, até minha foto e nome aparecer no Jornal Oficial de Illéa, duas semanas após a entrega dos formulários no Departamento de Serviços Provinciais. Fizeram um registro com minhas informações pessoais quando o pessoal do palácio invadiu minha casa; aparentemente, agora que sou uma das candidatas a princesa, todos querem saber tudo sobre mim. O resultado foi o seguinte:

Hailee Smith é uma Quatro nascida na província de Tammins, filha de Theodore e Marta Smith. Ser Quatro é quase que um privilégio em Illéa; não somos tão ricos como os Dois e Três, mas ao menos não passamos fome como as pessoas da casta Cinco em diante. Tammins é um lugar bom de se viver, também, por mais que não tenhamos muita diversão por aqui, mas eu duvido que seja diferente em outros lugares. Tem três irmãos mais novos: Rodney (15), Ronald (15) e Leah (2), sendo que os dois primeiros são gêmeos. Meus irmãos são umas pestes, e, ao mesmo tempo, as coisas mais fofas desse mundo! Não os trocaria por nada. Os gêmeos atrapalham um pouco no trabalho, mas sei que papai os mantém por perto para que aprendam a exercer a função. Já Leah é tão calma e doce, que é impossível não amá-la. A família é dona de um ateliê de jóias, sendo este o melhor de Tammins, segundo dizem. É lá que Hailee trabalha, desenhando jóias e as confeccionando, assim como seu pai e seus irmãos Rodney e Ronald. Outra paixão de minha vida são as jóias. Ah, como são lindas! Sei que parece falta de modéstia dizer que as coisas que você mesmo faz são lindas, mas elas realmente são. Acho que mesmo que não existisse o sistema de castas e eu pudesse escolher uma profissão qualquer, escolheria o design de jóias, porque simplesmente nasci para isso.

A Selecionada estudou em casa, sendo a mãe a responsável por passar-lhe as matérias. Tem facilidade em praticamente todas as áreas, se destacando em química, cálculo e história. Eu não tinha acesso a muitos livros durante as aulas que minha mãe me dava; era mais uma explicação oral do que leitura e atividades práticas, mas sei que sou tão boa quanto os Três, que têm acesso a todo o material didático de que precisam. Me interesso por coisas novas e gosto de aprender; é por isso que mesmo sem ter frequentado uma escola consigo usar meus conhecimentos para melhorar meu trabalho. É uma legítima filha de Illéa, pronta para servir ao país, caso venha a ser a escolhida.

Depois que conferi se estava tudo correto, assinei um documento declarando que todas as informações contidas ali eram verdadeiras. Eles tinham esse negócio de achar que estávamos mentindo o tempo todo. Mais pessoas chegavam a todo instante, todos funcionários do palácio. Fiquei especialmente feliz ao saber que a partir do momento em que fui Selecionada me tornei uma Três automaticamente, o que significava que eu estava a apenas um passo de me tornar Dois, meu segundo maior desejo. O primeiro era se casar com Kevan. Tiraram minhas medidas, me examinaram, pagaram minha família... A Seleção transformaria a minha vida, e a dos que me cercavam.

Penso que foi muita sorte eu ter sido escolhida. Ou talvez tenha sido Deus. Ou o Destino. Isso só podia ser um sinal! Um sinal claro de que depois de amar Kevan por tanto tempo meu desejo realmente seria realizado. Lembro de estar tão empolgada no dia em que levei meu formulário no Departamento. Vesti minha melhor roupa e até passei maquiagem, que era um luxo que eu podia bancar com o dinheiro que recebia de minhas comissões (eu não cobro um salário de meu pai, é claro, mas ele me dá pequenas quantias para que eu faça o que quiser. Não somos ricos, então, todo o dinheiro do ateliê é gasto com nossas necessidades básicas). Terminei meu trabalho mais cedo naquele dia, fazendo mais jóias que o necessário para compensar o tempo que ficaria fora. Faço a maioria das jóias que vendemos, porque meu pai diz que sou a mais talentosa da família, e realmente não me importo de ter mais trabalho do que ele e meus irmãos. Na verdade, não me canso de fazer jóias.

Lembro que a fila estava enorme e minha mãe disse "é claro que não será você, Hailee. Esse concurso é uma grande besteira. Foque-se no trabalho e garanta seu sucesso através dele". Mas eu não queria... eu queria Kevan. Quando meu nome apareceu na televisãopulei, gritei, me joguei contra as paredes fiquei super feliz, dizendo a mim mesma que o Destino já havia feito sua parte. Agora só faltava eu fazer a minha.